Uma vida dedicada ao Direito de Família e Sucessões

Este mês de dezembro de 2024, comemoro 29 anos de formada, com muito orgulho e, olhando para trás nesta caminhada, eu acho que tudo valeu muito a pena. E se preciso fosse, faria tudo igual outra vez, pois tenho como marcas minhas a persistência, o otimismo e a resiliência. Até aqui, combati um bom combate.

A “escolha” pelo direito foi meio que por acaso. Nasci em Palmitos, Santa Catarina, mas na época do vestibular estava em Governador Valadares, Minas Gerais. Queria fazer Educação Física – não à toa sou apaixonada por esportes até hoje -, mas não existia esta opção de curso na cidade. Uma segunda opção seria Odontologia – meio que um curso da moda, naquela altura – ou Direito.

Resolvi então atender ao pedido do meu pai e fiz o vestibular de forma despretensiosa, meio sem acreditar que passaria. Mas passei! Foi quando tive que tomar a primeira decisão importante na minha carreira: assumir ou não a vaga e seguir com o curso. Decidi seguir para ver onde chegaria.

O início foi um tanto quanto sem expectativas. Era muito nova e não tinha ideia do que seria a carreira jurídica. Aliás, essa decisão acontece com a maioria dos jovens, não é mesmo?

Vou abrir o coração e revelar que não curtia fazer aquelas matérias. Apesar disso, levei em frente e com o passar do tempo, acabei por me apaixonar pela Justiça e por fazer justiça. Queria fazer a diferença.

O interessante foi observar que essa vontade de fazer a diferença, confirmou o resultado de um teste de aptidão, que fiz aos 16 anos, o qual dizia que tinha habilidade para trabalhar na área de Humanas. Sempre gostei de lidar com pessoas.

 

Um sábio conselho

Meu pai, já perto de eu me formar, me deu o melhor conselho que poderia receber: “Nunca deixe ninguém te corromper”, o que segui ao pé da letra. Ele sabia que as pessoas iriam tentar se aproveitar da minha bondade e inocência.

O alerta serviu como uma “vacina” para mim, me permitindo trabalhar todo este tempo, sem sofrer sequer um processo disciplinar. E esta é uma marca que trago com orgulho e que fala muito sobre a minha pessoa.

Continuei sendo boa, mas não permiti que ninguém se aproveitasse disso para me fazer sair dos trilhos, nem tampouco, que pessoas que me acompanham no meu trabalho fizessem isto.

Eu creio na Justiça, mas não acredito em ganhar sem que para isso tenha que desprender nenhum esforço. Acredito no trabalho árduo, como ferramenta para se conseguir as vitórias. Dessa forma e trilhando meu caminho com esses princípios em mente, segui firme no meu propósito.

A escolha

A escolha pelo Direito de Família e Sucessões, ao final do curso foi quase que natural. Acabei por me especializar na área logo no início da minha carreira. Entretanto esta é uma área que muda de forma constante, exigindo grande dedicação de quem a abraça.

A atualização é necessária todo o tempo, embora a Lei, não consiga acompanhar a evolução do ser humano na mesma velocidade. Apesar disto, ela se adapta.

É aí que surgem as jurisprudências e os precedentes, que em algum momento acabam por vir a se tornar leis. E com a aceleração da tecnologia, isso acabou por resultar em um efeito exponencial, que exige atenção e atualizações quase que diárias.

Outra coisa importante de se salientar, é que a experiência adquirida com os anos de prática do Direito de Família, me trouxeram uma maior consciência de que o conhecimento puro das leis não seria suficiente para dar conta do recado. Eu ia precisar conhecer melhor as dores dos meus clientes. Por isso a opção pela Psicanálise.

Ela serviu de apoio para entender melhor as questões mais íntimas dos meus clientes, que não estavam necessariamente relacionadas com a letra da lei, mas com o seu arcabouço emocional. E este conhecimento me ajudou imensamente no exercício profissional.

 

Casos icônicos

Durante a minha carreira, trabalhei em diversos casos, mas três deles eu considero como gratificantes, para mim pessoalmente. Isso porque demonstram as minhas já citadas persistência, otimismo e resiliência, no trato dos meus casos. Além de evidenciarem aquele lado mais ligado ao cuidado psicológico que tenho com meus clientes, sempre buscando entender o íntimo de cada um deles.

O primeiro caso, tratou da anulação de coisa julgada, por relativização desta. Com isso consegui anular a paternidade e toda a execução de alimentos, que haviam recaído sobre o suposto pai.

Um segundo caso, envolvia um idoso que consegui manter com plenos direitos até o seu falecimento, evitando que a família conseguisse interditá-lo de forma definitiva, o que teria devastado essa pessoa.

E um terceiro caso, foi a retirada do nome do pai da certidão de nascimento das crianças, pois este foi enganado pela esposa, e apenas por conta disto ele fez o registro dos “filhos”. Consegui reverter essa situação vergonhosa.

 

Orgulho da história

Hoje, como já disse antes, estou orgulhosa da história que construí durante estes 29 anos de exercício do Direito de Família e Sucessões. E se fosse preciso voltar ao início, faria tudo da mesma forma outra vez, pois minha caminhada foi muito segura e consistente, desde o princípio, graças ao apoio que sempre tive da família.

Sou grata a todos que participaram, direta ou indiretamente desta minha caminhada, o que só me traz orgulho e certeza de que fiz o meu melhor. Continuarei da mesma forma, enquanto Deus me permitir.

Dra.: Josânia Pretto