Pai e mãe, Mãe e pai

Até pouco tempo atrás existia um consenso da sociedade de que cabia à mulher, exclusivamente, os cuidados com os filhos e ao homem, o sustento.

Tanto que por anos vigorou, como regra, a guarda unilateral. Onde, em sua maioria, era atribuída à mãe a guarda, em caso de separação do casal, e ao pai o dever de alimentos.

Com esse “consenso”, sim entre aspas mesmo, o que foi ocorrendo de fato foi um afastamento natural dos pais para com seus filhos, uma vez que as atribuições do dia a dia, eram dever somente da mãe. E o homem tinha um papel de mero figurante na relação pai e filho.

Mas com a luta das mulheres em desbravar o mundo e alcançar a independência financeira, bem como a evolução acelerada do Direito das Famílias, surgiu a necessidade de se mudar essa regra da guarda unilateral e “impor” mais responsabilidades ao homem.

Responsabilidade no que se refere ao acompanhamento do filho na escola, no médico, nos cuidados básicos, tornando como regra a guarda compartilhada, com o objetivo de melhorar esse convívio entre pais e filhos.

Os filhos agradecem! A ideia é realmente maravilhosa, mas a pergunta é: Dá certo na prática?

Quantos pais efetivamente “querem” conviver mais com os seus filhos? Querem ter o compromisso de ensinar o dever de casa, levar ao médico, levar para o parquinho, aniversário de amigo, festa e reunião de escola, trocar fraldas, colocar para dormir… Ahhhhh, muito trabalho, não é?

Exercer o convívio com afinco, exercer a paternidade efetivamente, não é para quem pode, ou para quem o Juiz determina, é para quem quer sentir na pele as dores e a beleza de ser pai de verdade. Posso afirmar: São poucos. Uma pena!

Por muito tempo os pais foram impedidos por lei, por costume ou por cultura, de exercerem a paternidade de verdade. Mas, e agora? O que impede? Talvez apenas o paradigma do passado. Precisamos quebrar essa corrente.

O convívio paterno sadio fortalece os laços, cria homens e mulheres mais seguros. No mês que comemoramos o Dia dos Pais, deixo uma reflexão para pais e mães.

Pai: Saia desse papel de figurante e assuma o seu poder familiar, reivindique o direito de ser pai. Cuide dos filhos e divida o palco da criação dos filhos com as mães.

Mãe: Dê a ele, a oportunidade de ser pai. Ele pode não ter o leite materno, mas pode, sim, trocar fraldas, levar para a escola… Compartilhem as suas tarefas.

Acredite: vai ser libertador para você e para seu filho.

Acredite: a maternidade pode ser exercida junto com a paternidade. A isso se dá o nome de parentalidade.

Enquanto houver disputa entre os pais de quem cuida melhor dos filhos, quem é mais importante, de quem os filhos gostam mais… não haverá um convívio sadio. Um complementa o outro. Um é tão importante quanto o outro.

E os filhos? Tudo que eles querem é que os pais se dêem bem. Não importa se estão na mesma casa, se estão juntos. Os pais estando bem, os filhos ficam bem também. Podem ter certeza disso.

Dra.: Josânia Pretto